sábado, 24 de setembro de 2011

Alma gêmea

Como é romântico falar sobre as almas gêmeas!

Sempre nos lembramos dos luares, dos sorrisos, das cores alegres, dos poetas enamorados, da Lua que nos olha de soslaio, sempre nos convidando ao amor com aquele que ainda não chegou, nossa sempre misteriosa alma gêmea...

Acredito, sim, na existência das almas gêmeas, não como os sonhadores as desenham. Os sonhadores, os amantes querem outra metade para completar nossa metade. Não somos metades de nada. Somos inteiros que vivem, inteiros que amam. Precisamos de outro inteiro para compartilhar. Algo como o amor somente existe quando compartilhamos, como tudo o mais. Se deixarmos de partilhar, seremos ilhas abandonadas, deixamos de existir.

A teosofia explica tudo sem romantismo, muito friamente, como se fossem palavras mortas, palavras desprovidas de todo sentimento. Precisamos do romantismo para dar cheiro bom aos conhecimentos.

Existe um segmento que defende a existência da alma gêmea a partir da separação dos sexos, durante a era lemuriana, onde éramos hermafroditas, a partir de então um está em busca de sua contraparte...

Outro segmento defende que somos grupos de almas gêmeas, em torno de 144, com origem em nosso Self, nosso Eu sou presença...

Na maioria das vezes, estas almas estão em nossa família, em nossos ancestrais, mesmo desencarnados. São grupos que se reúnem, que se relacionam, criando escadas e mais escadas, rumo ao infinito, num eterno samsara...

Todo conhecimento é válido. Tudo existe, para nós, somente a partir do nosso acreditar.

Nossa opinião sobre a existência de alma gêmea difere destes dois enfoques.

Toda alma é gêmea de outra, seja ela vivente em qualquer plano, em qualquer globo, em qualquer Sol ou galáxia... pois a origem é somente uma, a fonte de tudo, pois somos também a Fonte.

Isto visto pela dimensão suprema, onde a verdade se encontra com o Amor, como uma verdadeira alma gêmea!

As pessoas enamoradas, as pessoas apaixonadas, com o calor máximo de todas as emoções procuram uma parceria que seja igual, que seja uma alma gêmea. Procuram alguém que parece fisicamente com você, que pensa, que sente e que age igual a você.

Afetivamente, ter uma pessoa igual é como você se beijar no espelho.

Precisamos dos diferentes. Não é fácil, pois sempre atraímos tudo ou quem estivermos pensando. Atraímos o que somos. É o segredo.

Porem, uma boa alquimia não se dá com as almas gêmeas, dá-se na relação com os diferentes.

A maioria das pessoas evita procurar os diferentes por medo do desconhecido, medo de amar, medo de sentir insegura com os que não são iguais. Mal sabe que os diferentes sentimentos, prazeres, provocam atritos, a luz e o crescimento surgem a partir da fricção entre as almas...

Claro que é romântico sentir as energias da Lua nova ou da Lua cheia nos convidando ao amor lascivo ou mesmo ao amor platônico.

Nossa alma gêmea, nosso igual, não está na Lua, onde o Sol nos ilumina em noites de amor. Nosso igual está em nosso coração, onde sempre esteve. É bom estarmos com nós próprios, é gratificante. Mas, o sal e todos os demais temperos de uma relação realmente residem na alma dos diferentes.

Alma andarilha, alma solitária, você que busca incansavelmente uma pessoa para compartilhar afetivamente nunca deve se esquecer que amor é doação, é troca...!

Você nunca deve dizer ´eu te amo´ se realmente não está amando a pessoa. ´Eu te amo´ é algo muito profundo, requer renúncia de si própria, ao se doar, doar plenamente.

Nunca confundir o ´eu te amo´ com suas carências afetivas. Neste caso, você não estará amando, está querendo ser curada.

Se você se amar, se você tiver uma boa auto-estima, se você cuidar bem do seu jardim, com certeza você não irá conhecer a solidão. O universo colocará no seu caminho uma alma, uma alma diferente para compartilhar todos os seus momentos, de todas as nuances.

Para isto, precisamos colorir melhor estes encontros, numa aquarela viva, repleta de renúncia, de doação, de vida, de amor...

É óbvio que em toda e qualquer interação, mesmo entre os iguais e os diferentes, existem conflitos. Conflitos de toda a espécie. Eles são necessários. Eles representam o espinho de uma roseira. Eles precisam ser trabalhados com elegância e desprendimento.

Não confronte os espinhos, não confronte os desafios. Eles existem e sempre vão existir. Ao deixar a competição, os espinhos começam a ter um significado mais agradável, passa a fazer parte da relação, passa a fortalecer o relacionamento, passam a ser coloridos!

Lembrem-se de que a vida é feita de instantes. Tudo passa. Procuremos viver e conviver integralmente todos os momentos com mais alegria, pois a alegria é contagiante, os sorrisos são milagrosos.

Não beije, não faça amor se você não sentir vontade. Se você o fizer você estará agredindo você e a alma diferente que está respirando ao seu lado.

Respeite você, que é sua alma gêmea. Ame a alma dos diferentes. Sinta a magia deste encontro sagrado, onde o sagrado acontece sempre no beijo desapegado!

Busque você, alma gêmea de minh´alma, depois busque a alma dos diferentes, com todo romantismo de que for capaz...

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